23 de março de 2016

Mist of Reminiscence - prólogo

Título: Mist of Reminiscence
Autora: Aislyn Rockbell Matsumoto
Categoria: Original
Gênero: Yaoi, romance, amizade, drama
Aviso: Insinuação de sexo, nudez, linguagem imprópria, violência
Classificação: + 18
Sinopse: “– Mikaru… você sabe que isso não foi só sexo…
– Oh, o que foi então? Sua primeira vez? – questionou em tom irônico – Quer que eu traga café numa bandeja e coloque comida na sua boca?”
Nota: Reminiscence = Reminiscência = Recordação do passado: o que se mantém na memória. Recordação vaga e quase apagada. Resíduo ou parte fragmentada de alguma coisa que já não existe mais.




Prólogo

O sol surgia aos poucos no horizonte, banhando toda a capital de Tóquio com sua luz, que se erguia mais a cada minuto, até chegar ao topo dos grandes prédios comerciais e residenciais. A sala do apartamento saia da penumbra, até tornar possível distinguir os móveis ali dispostos, como a mesinha de centro e a estante ao canto, chegando enfim até o sofá de três lugares, onde o casal ainda dormia.

Katsuya remexeu-se incomodado, resmungando e erguendo a mão direita para proteger os olhos da luz, mas abriu um pequeno sorriso ao sentir a outra mão formigando. Virou o rosto para o lado, observando o rapaz que dormia sobre seu braço, causando aquele pequeno desconforto. Esticou a mão livre bem devagar, retirando alguns fios dourados que caíam sobre a face do rapaz adormecido, afastando-a rapidamente ao notar um movimento vindo dele.


Esperou alguns segundos em total imobilidade, quase prendendo a respiração e temendo tê-lo acordado. Observou com atenção, suspirando aliviado ao notar que ele não acordaria. O rapaz de cabelos dourados ressonava tão calmamente e parecia tão tranquilo, que seria um pecado acordá-lo. Decidiu por somente velar seu sono, deixando os pensamentos vagarem até a noite anterior.

Havia sido uma noite tão diferente e ao mesmo tempo tão especial! A primeira noite deles e sua primeira noite com outro homem. A primeira vez que foi levado ali, no apartamento dele.

Mikaru era sempre tão reservado e arredio, às vezes um pouco ríspido demais, quase nunca falando sobre si e quando era questionado diretamente, conseguia desviar do assunto com facilidade, fazendo Katsuya precisar de um pouco de lábia e boa sorte, soltando um comentário ou outro da sua vida e esperando que Mikaru fizesse o mesmo ou apenas comentasse a respeito. Mas, mesmo sabendo tão pouco sobre o rapaz nos seus braços, Katsuya não conseguia resistir à atração que ele exercia.

Era algo estranho e difícil explicar. Mikaru não era do tipo que preenchia todos requisitos do padrão de beleza, com um corpo alto e escultural, pelo contrário, era muito magro e pelo menos dez centímetros mais baixo do que ele, com seus quase 1,80m de altura. Era inteligente, isso nunca poderia negar, e tinha a língua afiada, com uma resposta sempre pronta na ponta da língua. E mesmo assim, com todos os defeitos que a sua paixão não conseguia camuflar, Katsuya se sentia completamente atraído por aquele homem.

Sim, um homem. Não apenas em questão de gênero, mas Mikaru já era adulto por assim dizer, enquanto ele mal havia saído da adolescência. Faltava alguns meses antes de completar seus 19 anos, e Mikaru, pelo pouco que descobriu, já havia passado há alguns anos da casa dos vinte.

Porém, nada daquilo importava e nada poderia estragar seu dia ou tirar aquele sorriso da sua face. Nem mesmo o celular tocando irritantemente sem parar, fazendo o rapaz em seus braços acordar sobressaltado.

Mikaru ergueu a cabeça, olhando assustado para os lados, procurando a fonte do barulho, até finalmente encontrar o celular em cima do criado-mudo ao lado do sofá. Estendeu a mão para desligá-lo, batendo no tampo da mesinha algumas vezes até acertar o celular, que caiu no chão, separando a bateria do restante do aparelho e finalmente parando de tocar.

Com um longo suspiro, Mikaru deixou a cabeça pender contra a almofada, se ajeitando inconscientemente de encontro ao corpo de Katsuya, que o envolveu num meio abraço, sentindo o braço voltar a formigar.

Mikaru ficou tão quieto e sua respiração estava tão calma, que Katsuya realmente pensou que ele havia adormecido novamente. Subiu a mão da cintura até os fios dourados, passando os dedos de leve, sorrindo ao notar o quanto eram macios. Mikaru constantemente tentava mostrar seu pior lado, sendo ríspido ou comentando algo em tom ferino, na intenção de afastar todos a sua volta, mas quando ele baixava a guarda, era possível ver um lado diferente, mais humano e que, infelizmente, havia sido bastante machucado.

– Quantas horas? – Mikaru sentou-se num pulo, esfregando o rosto para tentar espantar o sono, enquanto olhava ao redor, estranhando o lugar onde estava.

– Não deve passar muito das sete… – Katsuya respondeu com a voz rouca típica de quem acabou de acordar, apoiando-se num dos cotovelos para se sentar e enlaçando a cintura de Mikaru com o outro braço – Está cedo, pode dormir mais um pouco. Volta pra cá.

– Dormir? Eu tenho que trabalhar. – afastou a mão de Katsuya de sua cintura, jogando as pernas para fora do sofá e ficando de costas para o rapaz. Sentiu um dedo traçando um caminho próximo ao seu ombro, o mesmo caminho daquela cicatriz, fazendo sua alma gelar no mesmo instante.

– Onde cons-

– O que você ainda está fazendo aqui? – Mikaru se ergueu do sofá, juntamente com o tom de voz, ficando de frente para Katsuya sem se importar com sua nudez.

– Nós passamos a noite juntos. Queria que eu estivesse onde? – apesar do tom rude de Mikaru, Katsuya não perdeu o bom humor, respondendo-o com um sorriso na face. Ele, pessoalmente, não queria estar em nenhum outro lugar do mundo senão ali, exatamente onde estava.

– Na sua casa, na rua, em qualquer outro lugar! – caminhou pela sala procurando suas peças de roupa, vestindo a boxer e a camisa amarrotada quando as encontraram – Não te ensinaram como passar a noite com alguém? Você transa, pega suas coisas e cai fora!

– Mikaru… você sabe que isso não foi só sexo… - Katsuya sentou-se, pegando uma almofada para cobrir seu baixo-ventre, incomodado com o modo como Mikaru estava levando aquela conversa.

– Oh, o que foi então? Sua primeira vez? – questionou em tom irônico – Quer que eu traga café numa bandeja e coloque comida na sua boca?

Katsuya sentiu as bochechas esquentarem, abaixando a cabeça e deixando que os longos fios negros cobrissem sua face. Tudo bem que algumas pessoas acordavam de mal humor, mas aquilo já era exagero. Mikaru o humilhava falando daquela forma.

– Você sabe que foi… – murmurou desolado, olhando com vergonha para o chão da sala do apartamento, localizando suas peças de roupas e caminhando rapidamente até elas, vestindo conforme as recolhia – Pensei que estávamos juntos…

– Juntos? Do tipo relacionamento sério? – Mikaru retrucou em tom de deboche, deixando o rapaz com mais vergonha ainda da situação – Agora só falta você dizer que quer um pedido de namoro! – revirou os olhos, pegando a carteira de cigarros e o isqueiro que deixava na estante perto da televisão, acendendo um dos cilindros e tragando longamente – Me faça um favor e some daqui.

– Eu já entendi isso… – respondeu com a voz embargada, segurando o choro enquanto saía a passos apressados do apartamento.

* * *

Sinopse 2 (porque eu troquei no meio da história, enquanto postava nos outros sites):
"Eu estou rindo em um cenário quebrado.
Lembrando todos os pedaços de reminiscência sobre você
Fique comigo
Mesmo que seja uma mentira, por favor, me diga 'Eu te amo'
Por favor pense em mim mesmo que seja por hoje
O que você acha?
Lembrei-me de você e eu nos aconchegando
Eu quero encontrar você
Eu quero tocar você
Por que ainda te amo"

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